sábado, 16 de outubro de 2010

FORMAÇÃO DO PROFESSOR NA EAD E POLITICAS PUBLICAS


Este trabalho é resultado de uma pesquisa desenvolvida na Universidade Estadual da Paraíba no período de agosto de 2005 a julho de 2006, com o objetivo de analisar o impacto das políticas públicas em Educação a Distância ou semipresencial na formação de professores da rede pública da Paraíba, especificamente em municípios distantes dos principais eixos econômicos com maior acessibilidade ao Ensino Superior. Foram analisados temas como avaliação, perfil do aluno de Educação a Distância e evasão. Foram utilizamos dados do INEP.

Para a execução do trabalho, foram realizadas entrevistas abertas e semi-estruturadas (individuais ou coletivas) com os alunos participantes do curso. As entrevistas têm como vantagem a elasticidade quanto à duração, permitindo uma cobertura mais profunda sobre determinados assuntos, também foi feita a análise de dados da própria universidade. Utilizaram para fundamentação teórica a perspectiva sócio-histórica que foi desenvolvida em dois eixos:
                                            
  • A análise do material documental que precedeu e fundamentou a concepção político pedagógica dos programas de formação de professores na modalidade a distância, onde se observou a contextualização da conjuntura local/global, e dos projetos pedagógicos desenvolvidos pelas Universidades Públicas participantes, observando sua capacidade de articulação com outras IES e demais esferas do poder público.

  • O outro eixo está centrado na prática do professor, entendido agora como sujeito e principal agente com a possibilidade de uma reflexão que parte do que o professor faz, para uma reconstrução do que pode ser feito, confrontando-o com o seu contexto social e político.

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O texto trata das inovações tecnológicas que provocaram impacto em nossa sociedade, chamada de sociedade de informação, conseqüente da nova forma de organização social. Para as autoras, “um dos maiores entraves ao processo de adaptação do sistema público de educação ao novo padrão de acumulação e produção talvez esteja vinculado aos processos lentos de mudança dos paradigmas para a construção efetiva de um novo modelo de educação”.

Para dar conta destas mudanças, algumas articulações governamentais foram necessárias para implementar programas de formação de docentes na modalidade a distância, a exemplo, O programa Pró-Licenciatura que tem como objetivo a criação de cursos de Graduação (Licenciaturas) na modalidade a distância para formação e qualificação do professor que atua em sala de aula na rede pública, sem nível superior (ou quando apresenta nível superior em uma área diversa da que efetivamente atua).
Para isso foram realizadas parcerias entre os Consórcios Regionais e o MEC, esses consórcios têm como objetivo democratizar o acesso à educação. As ações do MEC foram precedidas pelo Programa de Formação de Professores, o PROFORMAÇÂO, que diz o seguinte:

“o PROFORMAÇÃO utiliza para sua consecução atividades a distância, orientadas por material impresso e videográfico, atividades presenciais, concentradas nos períodos de férias escolares e nos sábados (Encontros Quinzenais), e atividades de prática pedagógica nas escolas dos professores cursistas,acompanhadas por tutores e distribuídas por todo o período letivo. Dessa forma, somam-se os benefícios da formação em serviço às vantagens da educação a distância, atingindo uma população numerosa e dispersa geograficamente, com o fornecimento de orientações e conteúdos pedagógicos de qualidade”.
Os resultados positivos desta ação e a experiência adquirida pelas Universidades parceiras, possibilitaram que a proposta fosse assimilada por diferentes universidades públicas brasileiras que desenvolveram um curso de Pedagogia para professores da rede de ensino em diferentes regiões. É de extrema importância para a compreensão da prática de EAD como uma modalidade de ensino, entender as mudanças ocorridas nas formas de produção que são um reflexo da transformação no padrão de acumulação econômica.

A implementação de programas de formação de professoras na modalidade a distância caracteriza-se por uma ação que reuniu uma verdadeira rede de colaboração entre diversas instituições, dos mais diferentes níveis. O enriquecimento da construção de um programa de formação de professores da rede pública e a sinalização para as disparidades de formação em nível regional dos professores em exercício na rede pública nas séries finais do Ensino Fundamental e Médio contribuíram para a necessidade de se desenvolver projetos de formação acadêmica para esse educador, de modo que as mudanças na qualidade da educação básica fossem ofertadas na rede pública de ensino. A busca pela melhoria da educação básica é, sem dúvida, o princípio norteador das ações de qualificação dos professores.

Apresentaremos alguns dados: de um total de 87.770 professores do ensino fundamental, 44,07% ainda não possuem formação superior. No que diz respeito ao ensino médio, de um contingente de 22.257 docentes ainda tem-se 24,14% sem a referida formação. A carência de professores licenciados em áreas específicas é um dado por demais conhecido e comprovado na região nordeste do Brasil. Segundo dados do INEP, baseado no Censo Escolar de 2003, ainda é possível encontrar professores lecionando no ensino médio e dispondo apenas de formação no nível fundamental.

O texto também mostra a preocupação com o desenvolvimento tecnológico e a necessidade de utilização dos mesmos na educação, como é citado abaixo:

“No momento em que atingimos níveis bastante elevados de desenvolvimento tecnológico, devemos capitalizá-los para a educação, melhorando o perfil acima apresentado no que tange à formação dos educadores, e conseqüentemente, contribuindo para o desenvolvimento econômico, social e cultural do país. A utilização de tecnologias da informação pode ser aliada no processo de reversão do quadro existente, sendo a modalidade a distância um instrumento que possivelmente é capaz de viabilizar essa reversão”.
O acesso a essas tecnologias possibilita a conquista da autonomia no processo de aprendizagem, apesar de ainda isso não ser fácil, devido a nossa história de educação formal. Observa-se então, a necessidade de que novas estratégias sejam implementadas para que onde o estudo coletivo, individual, ganhe força e importância muito maior do que no processo de aprendizagem regular.

Fica claro no texto a constatação de que “ as escolas, sobretudo nos bolsões de exclusão distantes dos grandes centros, ainda não absorveram os elementos inerentes a um novo modelo de sociedade informacional. São modelos educativos que ainda privilegiam a memorização, que praticam avaliações quantitativas e excluem o aluno muito cedo do ambiente escolar. São propostas de educação baseadas no principio fordista da massificação e reprodução da força de trabalho. Os professores e alunos desta realidade social e econômica não percebem em seu cotidiano os efeitos da globalização e da sociedade de informação. O pouco que conseguem absorver desta realidade não é apropriado em seu benefício, mas sim utilizado como mais um elemento de exclusão”.

Belloni (2003) ressalta que os modelos industriais de produção já penetraram em todas as esferas sociais e o setor educacional não é uma exceção. A idéia é que com o avanço tecnológico e as transformações no processo de trabalho, a tendência em longo prazo é que a educação como um todo; incluindo EAD e o ensino convencional, vá se transformando num complexo organismo de educação aberta.

Conclusão
Sendo assim, as autores concluem que a disseminação da informação é o elemento essencial para o entendimento das transformações ocorridas no trabalho. O controle da produção e do trabalho passa a um outro patamar com o uso de computadores de forma intensiva. Assim, a organização interna da firma é modificada, facilitando o acúmulo de funções, a diversificação do trabalho, etc. Estas mudanças se traduziram em um modelo de organização do trabalho e da produção que acabaram por impactar a educação aberta.
as demandas na formação inicial e continuada mudam substancialmente,  apontando para duas grandes tendências, a reformulação radical dos currículos e métodos de educação privilegiando a multidisciplinaridade e a aquisição de habilidades de aprendizagem e oferta de formação continuada ligada aos ambientes de trabalho, numa perspectiva de aprendizagem ao longo da vida.

O que se discute aqui é ainda mais profundo, a escola não precisa modificar-se para acompanhar o novo modo de produção, e sim porque as formas de aprendizagem se modificaram, e todos os paradigmas anteriores não funcionam mais e quando aplicados dificultam a ação fim da escola: possibilitar a aprendizagem.


Comentários pessoais
Muitas são as formas de se pensar na formação e qualificação do professor, seja os que atuam em sala de aula ou à distância.
Este texto trata das políticas públicas em educação à distância na formação de professores na Paraíba, mas podemos utilizá-lo para pensarmos de uma forma geral como é esse processo de formação no Brasil, pois esse projeto possibilitou que outras universidades públicas o utilizassem na intenção da melhoria da educação no país.
A preocupação apresentada neste texto é com a formação do professor através do ensino à distância, a capacitação destes professores para atuarem nos ensinos básicos e médios utilizando a EAD como ferramenta de formação para atingir um maior número de professores em diferentes localidades.


Angelica Piovesan

2 comentários:

  1. Infelizmente, ainda é grande a quantidade de docentes, principalmente no Nordeste do país, sem a devida qualificação. Fornecer a capacitação devida a esses professores, de forma tecnológica (TICs), é um grande incentivo para que mudanças de paradigmas ocorram na educação como um todo.

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  2. e isso ocorre, Sandra, porque temos uma cultura que demora a acompanhar os avanços tecnológicos atuais. Isso sem contar a resistência exercida pelos próprios educadores diante do novo cenário educacional. A verdade é que as estruturas de ensino ainda são bem tradicionais.

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