sábado, 16 de outubro de 2010

RESUMO SANDRA

Resumo do artigo Análise da metodologia de ensino de ciências nas escolas da rede municipal de Recife, de Kênio Erithon Cavalcante Lima e Simão dias Vasconcelos.
O texto fala sobre os desafios enfrentados pelos professores de ciência, em relação à superação dos limites metodológicos. Foram entrevistados 42 professores de 31 escolas da rede pública de Recife, enfocando os itens: uso do livro didático, as estratégias de avaliação, atividades extraclasses e os motivos de maior empecilho para a atualização pedagógica.
A maior dificuldade, segundo o texto, é a necessidade que os professores tem de se atualizar quanto aos avanços científicos, uma vez que os conhecimentos obtidos na graduação tornam-se obsoletos rapidamente. E, além disso, em sala de aula, o professor vê-se diante de uma turma heterogênea cultural e socialmente, exigindo dele competências e habilidades para que diferenças sociais sejam diminuídas. Para tanto, o professor de Ciências deve superar obstáculos com o objetivo de mudanças e estímulo às atividades de Ciências, tecnologias e Sociedade, através do uso da Internet, de experimentotecas, kts didáticos e revistas científicas, além do livro didático.
Os autores citam Krasilchic (2004, p.184), que faz uma crítica com relação ao professor que, por falta de autoconfiança, de preparo ou por comodismo, faz uso apenas do livro didático, ao invés de usar a sua autonomia e liberdade para ser apenas um técnico.
O objetivo da pesquisa neste artigo foi analisar a metodologia pedagógica, a formação profissional, as fontes de atualização conceitual e as perspectivas de educação permanente.
Os resultados do perfil socioeconômico e a formação profissional foram:
- Mulheres: 60,0%
- Profissionais com curso superior: 88,1%
- Profissionais graduados em Licenciatura em Ciências Biológicas: 85,7%, cujas instituições de ensino superior são: universidades públicas federais de Pernambuco(41,7%), instituições particulares/comunitárias (55,5%) e estaduais (2,8%).
- Professores com menos de 35 anos: 31,0%
- Professores com idade entre 36 e 45 anos: 33,3%
- Professores com mais de 45 anos: 35,7%
- Professores com experiência de mais de 15 anos na docência: 45,0%

De acordo com a faixa salarial:
- Recebem em média até 8 salários mínimos (valores de 2002): 88,1%
- Professores que trabalham em mais de uma escola: 64,3%

Em relação ao nível de satisfação dos professores com os livros didáticos adotados na escola (N = 42):
Satisfeitos:  N = 27
- linguajar adequado: 02  /  7,4%
- não fizeram comentários: 25  /  92,6%
Insatisfeitos: N = 15
- não houve atualização no conteúdo: 02   /   15,3%
- não é detalhado (pouco didático): 09   /   69,2%
- não trabalha bem os exercícios, poucas atividades com gráficos e figuras: 04   /   30,8%
- poucas atividades práticas: 02   /   15,3%
- Falta de abordagem de conteúdos para a Região Nordeste: 03   /   23,0%
Com relação às fontes complementares de informação, em Ciências, dos professores:
- Leem revistas de divulgação científica/educacional: 74,0%, especialmente: Superinteressante: 55,0%; Nova Escola: 36,0%; Ciência Hoje (33,0%); Galileu (14,0%)
              Dos que afirmaram não possuir o hábito de ler revistas de divulgação:
- indicaram a falta de tempo: 90,0%
- dificuldade de obtenção de tais revistas devido ao alto custo: 20,0%
              Ainda como fonte de informação Ciências/Educação:
- Não frequentam regularmente bibliotecas especializadas: 57,0%
Sobre suas fontes de informação científica, nenhum dos docentes questionados citou qualquer tipo de revista científica indexada nacional ou internacional em suas respectivas áreas de atuação/interesse.
Quanto ao uso da Internet:
Tem acesso: 81%
- em casa: 74%
- na escola: 30%
- não fazem uso para elaborar aulas e outras atividades: 55%

A respeito das atividades intra e extraclasses e mecanismos de avaliação de aprendizagem:
Sobre o material de apoio em sala de aula:
- livros: 93%
- vídeos: 60%
- computador: 31%
- transparências: 24%
- revistas: 7%
Além da exposição oral os professores declararam fazer uso de:
- organização de feiras de ciências: 93%
- visitas a museus e parques: 50%
- condução de experimentos: 41%
- excursões didáticas: 38%
- não utilizam nenhuma atividade extra-classe: 5%
Em relação à metodologia de avaliação escrita: mais de 90%
- questões discursivas sobre os tópicos apresentados: 90%
- questões de múltipla escolha: 86%
Em relação a um estilo mais diversificado de avaliação: 95%
- elaboração de relatórios pelas atividades extraclasses, pesquisas na Internet, livros e revistas de divulgação científica, desempenho em Feiras de Ciências: 80%
- seminários: 50%
O artigo traz em sua Tabela 3 as perspectivas dos professores de Ciências da rede Municipal de Ensino de Recife quanto ao produto gerado por esta pesquisa (N = 42);
- Que se tomem medidas concretas para resolver problemas dos professores da rede pública: 6   /   18,8%
- Maior interação das universidades com os professores da rede pública e os alunos da rede municipal: 11   /   34,4%
- realização de palestras e experimentos nas escolas, proporcionados pela universidade: 4   /   12,5%
- Maior flexibilidade para que os professores da rede municipal possam fazer Pós-Graduação: 5   /   15,6%
- Trabalhos e cursos de atualização promovidos por Instituições de Ensino Superior locais: 6   /   18,8%
- Maior pesquisa para desenvolver ferramentas, material didático e outras formas de melhorar a qualificação do ensino: 3    /   9,4%
- Realizar capacitações nos finais de semana para oportunizar aos que trabalham durante a semana: 05   /   15,6%
- Não realizaram comentários: 10   /  23,8%
Os autores concluem que as antigas metodologias pedagógicas co-existem ao lado das novas propostas, ressaltando que o Modelo DidáticoTradicional consiste na transmissão/transferência de conhecimentos através da prática de transmissão verbal, um currículo fechado e uma avaliação classificatória e sancionadora. E, por limitação de recursos didáticos, muitos professores veem-se obrigados a sobrecarregar os alunos com testes escritos de conhecimento; por estarem sobrecarregados, professores não tem tempo suficiente para elaborarem outros critérios de avaliação; por serem obrigados a cumprir o conteúdo do livro, quantidades de informações são priorizadas.
Neste caso, memorizações são realizadas em detrimento ao raciocínio. Porém, uma “luz no fim do túnel” parece surgir, na medida em que alguns professores lançam mão do uso de vídeos, revistas, reportagens, aulas de campo (excursões, visitas a parques e museus), levando o professor a ser um mediador e não o detentor de todo o conhecimento.
Outra conclusão é o restrito contato dos professores com pesquisadores das Instituições de Ensino Superior(IES), o pouco hábito da leitura de artigos científicos, disponíveis na Internet, ressaltando que os recursos desta estão sendo subutilizados, já que mais de 80% dos entrevistados afirmaram ter acesso a ela.
Os autores concluem dizendo que a falta de interesse dos alunos, de qualquer nível de ensino, desestimula o educador a ousar novas metodologias e avaliações mais criativas, e que, “somente um processo em médio prazo de valoração do professor, que permita o investimento em pesquisa educacional, poderá gerar aprendizagem transformadora”.

Considerações a respeito do artigo:
A pesquisa deixa clara a insatisfação dos professores com relação: ao livro didático, a não cooperação/interação das universidades com a rede municipal de ensino, à falta de interesse dos alunos, além de salários baixos e falta de  programas de especializações.
Porém, a própria pesquisa constata o fato de que a maioria dos professores não tem o hábito de ler produções científicas, não tem contato com as IESs, nem faz o uso devido da Internet para aumento de conhecimento ou elaboração de aulas e outras atividades, embora  tenha declarado ter acesso à mesma.
Diante do exposto, percebo que, especializações, melhores salários e participação das universidades no ensino da rede pública são muito importantes,  porém as políticas públicas, e os gestores, continuam “batendo na mesma tecla” do esperar por coisas grandes, por cobrar macro-ações, quando as coisas simples poderiam estar sendo aplicadas com sucesso, para o bem da educação de um modo geral.
A problemática do livro didático, as avaliações escritas, as aulas, enfim, que privilegiam conhecimentos divididos em assuntos, especialidades, sub-especialidades, etc. além da exigência da memorização, da repetição, da cópia...(MORAES, p.20) podem levar a um “cansaço mental”, a uma “domesticação, de acordo com Paulo Freire, não muito aceita pelos jovens nos dias atuais. E, o desestímulo percebido  pelos professores, quando ousam algo diferente, pode ser um reflexo   da descontinuidade da prática do ousar. Ou seja, os alunos sabem que tentativas de mudanças pedagógicas não os redimirão das velhas metodologias.
As mudanças de paradigmas da educação como um todo, partem da base, do ensino “menor”, a partir de uma metodologia direcionada à real construção do conhecimento. E, atitudes simples possibilitariam tais transformações. Em primeiro lugar, a mudança de pensamentos e convicções procedentes da família e de diretores de escolas permitiria uma maior liberdade pedagógica dos professores. Pais e diretores necessitam ter a devida compreensão sobre  qual a  melhor maneira de ensinar, carecem de conhecimentos a respeito de metodologias mais eficazes, para que os professores possam ter a imprescindível  e urgente liberdade de aplicá-las.
Desta forma,  as novas tecnologias poderiam estar presentes no presencial sem medos, remorsos, traumas nem controles, vigilâncias e cobranças de conteúdos pré-determinados, transmitidos oralmente de forma quase autoritária. A partir do trabalho educacional com o  “pequeno”,  escola-família-aluno, opiniões podem ser alteradas em prol da substituição de uma metodologia obsoleta, que não mais corresponde às exigências de uma efetiva aprendizagem.
E, quando  novos paradigmas nesse sentido surgirem no presencial, o ensino a distância poderá avançar cada vez mais para a capacidade de desempenho do ensino-aprendizagem, principalmente no que se refere à autonomia do aluno, um dos fatores primordiais na modalidade da EAD.






4 comentários:

  1. Querida amiga,
    Boa Noite,
    Realmente a educação passa por momentos difíceis, professores desestimulados e alunos desmotivados. Tudo isso conseqüência de anos de descaso da sociedade.
    Paulo Freire (1997) colocava que possivelmente, um dos saberes fundamentais mais requeridos para o exercício de um tal testemunho é o que se expressa na certeza de que mudar é difícil, mas é possível. É o que nos faz recusar qualquer posição fatalista que empresta a este ou àquele fator condicionante um poder determinante, diante do qual nada se pode fazer.
    Esses momentos difíceis transportam para academia uma preemente posição na transformação desta realidade. Estudos e teses, levam a teoria para a prática, produzindo e construindo um novo agir, por uma eticidade voltada para a práxis pedagógica, coerente e determinante de um futuro onde a mídia produz o letramento e domina o saber, e certamente as mentes humanas. Precisamos estar de pé para lutar pelo futuro da educação e do homem como ser autônomo e livre da opressão do pragmatismo neoliberal.
    Marisa M.U.Espindola

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Concordo contigo quando diz que as novas tecnologias poderiam estar presentes no ensino presencial, pois a partir daí o aluno que será o "futuro professor" já estará preparado para lidar com a EAD de forma desmistificada.

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  4. Sandra, percebemos que muitas mudanças são necessárias e emergentes, e uma delas é que o Estado, em sintonia coma a sociedade organizada, seja capaz de construir políticas públicas consistentes, capazes de gerar estímulos necessários para oferta de educação de boa qualidade para a população, tanto nos ensinos presencial como a distância.

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